la vaca | álbum de clarissa ferreira tem como referência o trabalho de marília kosby
LaVaca é um novo signo
É um símbolo de que natureza-cultura são conceitos cujas fronteiras são fraturadas. Era tudo mato. O gado foi trazido para este continente. A pampa não existia. No Sul da América, o gado esteve relacionado ao desenvolvimento sócio-econômico. Nas narrativas, o gado se equivalia ao latifúndio. São inúmeras as obras onde bois e vacas são referenciados.
LaVaca tem como referência o trabalho de Marília Kosby, o livro Mugido e um alargamento das referências sobre a poética sulina produzida por mulheres. Narrativas essas que nos fazem pensar sobre o consumo de carne de forma compulsória, a exploração e a política sexual da carne, a sociedade privada, os cercamentos.
Nossos pensamentos e expressões causam ruído na marcha dos centauros, como disse a poeta, e na cultura machista, que construiu um ideal de feminilidade, onde o funcionamento social para as mulheres opera a partir da musa coisificada, da primeira prenda, que existe para evocar a imagem da flor, jamais a da vaca, a que dá sustância, a que traz sustento. De forma depreciativa, usa-se a expressão “vaca” para denominar uma “mulher muito gorda ou muito grosseira”. “Às mulheres as alfaces” e campos de silêncio. Nosso pensamento é visto como uma ameaça. Nosso letramento é lido como intimidação.
Vaca, sim!
LaVaca!
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