desdomar... poéticas de liberdade com a manada equina da unipampa uruguaiana
Esse projeto de extensão consiste na realização de encontros entre a manada equina do campus Uruguaiana, a comunidade acadêmica e o público externo humanos. A mediação desses encontros será feita pela equipe de pesquisadores/as do projeto de pesquisa “Medicina dos cavalos” (Males e curas transespecíficos: uma perspectiva transdisciplinar das intervenções terapêuticas assistidas por cavalos, na área cultural pampiana), em parceria com docentes das áreas de saúde mental coletiva e/ou psicologia, bem como, por eventuais especialistas convidados/as/es. Os encontros terão como mote atividades de criação poética (escrita, desenho, música etc) a partir de exercícios de conexão com cavalos (técnicas de respiração guiada e consciente com atenção no coração, observação e contato tátil com os equinos) e rodas de conversa. Parte-se do princípio, observado na pesquisa e vivenciado nas ações de extensão, de que o estabelecimento de um paradigma equestre menos bruto do que aquele chamado “gaúcho” ou “campeiro” ou ainda “tradicional”, vem transformando não apenas a vida dos cavalos, mas dos seres humanos que experimentam a quebra de um pacto civilizatório/domesticatório assentado na submissão da natureza, e no assujeitamento advindo da pretensa conversão do selvagem em servil (Kosby et al, 2017). Os relatos de domadores/as, fisioterapeutas, veterinários/as, psicólogos e terapeutas entrevistados na pesquisa "Medicina dos cavalos" enfatiza que esta "medicina", esse melhoramento da vida, aperfeiçoamento da pessoa, emerge da transformação na relação humano-equino: a obediência pelo trauma violento é substituída pela busca por confiança mútua (Silva et al, 2023; Lopes et al, 2024; Kosby et al, 2024). As atividades previstas nesse projeto prescindem da montaria, são realizadas no chão, e encontram nessa busca por confiança (a conexão humano-equino) a emergência de poéticas de liberdade, como processos de arrefecimento das imposições de um pacto civilizatório brutal, como o colonialismo e suas continuidades (Santos, 2023). Seguindo premissas do que Édouard Glissant chamou de Poética da relação (2021), a escrita, tal como abordada pela ação de extensão Buscando a letra xucra: laboratório de escrita com a manada equina da Unipampa Uruguaiana, faz o movimento de reapropriação da relação humana com as palavras, encontrando-as onde elas não imperam, na linguagem dos/com os animais.
Entre os grupos do público externo à universidade que participarão dos encontros está a Associação de Familiares, Amigos e Usuários da Rede de Atenção Psicossocial de Uruguaiana - AFURP.
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